Trump admite Crimeia sob controle russo após encontros históricos com Putin

Trump e Putin reabrem diálogo em meio à tensão Ucrânia-Rússia
O cenário internacional virou de cabeça para baixo em 2025, quando diplomatas americanos desembarcaram em Moscou para negociar diretamente com Vladimir Putin. A movimentação não foi nada discreta: Steve Witkoff, enviado especial de Donald Trump, se reuniu várias vezes com o presidente russo, inclusive em uma sessão decisiva no Kremlin em 6 de agosto — só dois dias antes de Trump ameaçar a Rússia com sanções se a ofensiva na Ucrânia não cessasse.
Esses encontros serviram de esquenta para uma cúpula histórica em solo americano. No dia 15 de agosto de 2025, Putin aterrissou no Alasca para encontrar Trump na Base Elmendorf-Richardson, em Anchorage. Essa visita foi um divisor de águas: era a primeira vez que Putin era recebido por um país ocidental depois de invadir a Ucrânia em 2022. Também marcou o primeiro cara-a-cara entre Trump e Putin desde Osaka, em 2019.
Mas o que realmente causou barulho foram as posições de Trump sobre o mapa da guerra. Ele deixou claro que, para um possível acordo de paz, a Crimeia ficaria com a Rússia. Isso colocou lenha na fogueira, já que, desde 2014, o status da península é um dos maiores pontos de discórdia entre Moscou, Kiev e o Ocidente. Mesmo sem anúncio de acordo, a mensagem foi direta: a Ucrânia teria que ceder território para encerrar o conflito.
Bastidores das negociações: ameaças, pressão e jogadas de impacto
Nos bastidores, as conversas de Witkoff com russos não se limitaram ao círculo direto de Putin. Ele discutiu estratégias com nomes fortes, como Yury Ushakov, assessor da presidência, e Kirill Dmitriev, o homem à frente do Fundo Russo de Investimentos Diretos (RDIF) e também representante especial para cooperação econômica internacional. Dmitriev, inclusive, tinha papel de destaque nas negociações anteriores em Istambul sobre a paz entre russos e ucranianos.
Enquanto isso, Trump apostava numa ameaça que ia além da Rússia: se Moscou seguisse bombardeando a Ucrânia, Washington miraria nas relações comerciais de países como Índia e China, grandes compradores do petróleo russo. Essa estratégia de sanções secundárias foi vista como um recado pesado a aliados estratégicos dos russos.
Do outro lado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não ficou calado. Ele pressionou a Casa Branca a não afrouxar a corda, defendendo que a diplomacia dos EUA seguisse firme para isolar Moscou. A mensagem era clara: fechar qualquer acordo sem manter pressão poderia colocar a independência da Ucrânia em cheque.
E o simbolismo não parou por aí. Putin ainda está na mira do Tribunal Penal Internacional, acusado por crimes de guerra. Apesar disso, a cúpula no Alasca, nos EUA, foi sua primeira viagem aos Estados Unidos desde 2015, quando participou da Assembleia-Geral da ONU em Nova York. Também foi o primeiro encontro no país entre os presidentes das duas potências desde 2007, quando Putin esteve com George W. Bush no estado do Maine.
Essa sequência de reuniões, ameaças e declarações mexeu com todos os tabuleiros da diplomacia global, reabrindo feridas, mas também abrindo brechas para o fim de um conflito que já custou caro demais para Europa e o mundo.