RJ decreta luto de três dias por jornalista Jourdan Amóra
out, 22 2025
Quando Jourdan Norton Wellington de Barros Amóra faleceu na manhã de domingo, 19 de outubro de 2025, o luto oficial se espalhou pelos corredores do poder estadual e municipal. O jornalista, que dirigiu o Jornal A Tribuna por mais de seis décadas, morreu aos 87 anos no Complexo Hospitalar de Niterói, vítima de falência múltipla dos órgãos após duas semanas de internação.
Contexto histórico do jornalismo fluminense
Nascido em Araçuaí (MG) em 1938, Amóra mudou‑se ainda menino para Niterói, onde começou a trilhar a carreira que hoje parece sinônimo de imprensa regional. Ainda adolescente, fundou o pequeno jornal Praia das Flechas e, nos anos 1950, passou a colaborar com veículos como A Palavra, Diário do Povo e Diário do Comércio. Em 1965, adquiriu o Jornal A Tribuna, modernizando sua tiragem e transformando-o em referência de independência e credibilidade.
Ao longo da vida, Amóra enfrentou censuras do regime militar, prisões políticas e a transição para o digital, sem nunca abandonar a missão de “informar como ato de resistência”. O jornal tornou‑se, nos relatos de colegas, "a própria notícia".
Detalhes do falecimento e dos decretos de luto
O falecimento foi registrado por volta das 10h30 no Complexo Hospitalar de Niterói. No dia seguinte, 20 de outubro, o Governo do Estado do Rio de Janeiro publicou em edição extra do Diário Oficial o Decreto nº 49.929Rio de Janeiro, decretando luto oficial de três dias por "legado de integridade e consciência social". O documento, assinado por Cláudio Manuel Neves de Castro, governador do estado, ressaltou que a trajetória do jornalista "se tornou referência na comunicação fluminense".
Quase simultaneamente, a Prefeitura de Niterói também proclamou luto de três dias, assinatura de Rodrigo Soares Neves, prefeito da cidade. O velório foi realizado no Cemitério Parque da Colina, em Pendotiba, das 12h45 às 14h45, com sepultamento ao término.
Reações de autoridades e da comunidade
Em nota oficial, Rodrigo Soares Neves descreveu Amóra como "a própria notícia" e destacou que o jornalista “transformou o ato de informar em resistência e amor profundo por Niterói”. A declaração ressaltou ainda que a imprensa local ainda deve muito à sua disciplina e ao seu senso de cidadania.
Representantes da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) elogiaram o legado, classificando Amóra como "o jornalista que fez da imprensa de Niterói um ato de resistência". Vários colunistas do Jornal A Tribuna recordaram a memória prodigiosa do dirigente, sua exigência por fontes confiáveis e o hábito de revisar cada linha até a perfeição.
Jovens repórteres que passaram pela redação comentaram que Amóra era o “professor de pé direito” que os ensinou a não temer a censura nem o silêncio imposto. “Ele não só contou a história da cidade, como ajudou a escrevê‑la”, disse Ana Lúcia Costa, atual editora da revista Jornal da Baía.
Legado de Jourdan Amóra e impacto no jornalismo regional
Ao longo de seis décadas, Amóra acompanhou a mudança de processos de impressão tipográfica para o jornalismo digital. Seu nome permanece nas capas de edições históricas que cobriram a construção do porto de Itaguaí, a eleição de 1982 e a transição democrática pós‑ditadura. O jornalista também foi mentor de mais de 200 profissionais que hoje ocupam cargos em redes como G1, O Dia e emissores de TV regional.
O Jornal A Tribuna declarou que continuará a seguir os valores de independência e veracidade que foram a marca registrada de Amóra. A redação já planeja uma série de publicações especiais "Tribuna da Memória", que revisitará reportagens icônicas produzidas sob sua direção.
Próximos passos e homenagens
Além do luto oficial, o Conselho Municipal de Cultura de Niterói anunciou a criação de um prêmio anual em nome de Jourdan Amóra, destinado a estudantes de jornalismo que apresentarem projetos de investigação local. A proposta ainda depende de aprovação na Câmara Municipal, mas já recebeu apoio unânime dos vereadores presentes.
O governador Cláudio Manuel Neves de Castro prometeu incluir a história de Amóra nos programas de formação de servidores públicos, ressaltando que "a transparência que ele cultivou é um exemplo a ser seguido por todos".
Enquanto a comunidade se despede, o eco das palavras de Amóra – "a imprensa é a primeira cidadã da democracia" – continua a reverberar nos corredores da cidade, lembrando a todos que a verdade, embora às vezes dolorosa, nunca deve ser silenciada.
Perguntas Frequentes
Como o luto oficial afeta o cotidiano de Niterói?
Durante os três dias de luto, bandeiras oficiais são hasteadas a meio‑mastro em prédios públicos, eventos oficiais são cancelados e a imprensa local costuma publicar matérias de homenagem. O gesto simboliza o respeito institucional ao legado de Amóra e reforça a importância da memória coletiva.
Qual foi a contribuição de Jourdan Amóra para a formação de jornalistas?
Amóra atuou como mentor em estágios e workshops na Jornal A Tribuna, exigindo rigor nas fontes e ética na reportagem. Muitos dos profissionais que hoje ocupam posições de destaque na mídia fluminense citam o seu método de "verificar antes de publicar" como base da prática jornalística.
O que motivou o Decreto nº 49.929?
O decreto foi assinado para oficializar o luto público e reconhecer oficialmente o "legado de integridade e consciência social" deixado por Amóra. Ele também reforça a tradição de honrar figuras que contribuíram decisivamente para a democracia e a cultura local.
Quais são os planos para preservar o arquivo do Jornal A Tribuna?
A diretoria da Jornal A Tribuna anunciou a digitalização completa de edições históricas até o fim de 2026, com apoio da Fundação Biblioteca Nacional. O acervo será disponibilizado para pesquisadores e escolas, garantindo o acesso a gerações futuras.
O que a comunidade de Niterói pode esperar do prêmio em nome de Amóra?
O prêmio anual, ainda em fase de aprovação, tem como objetivo estimular projetos investigativos que abordem questões locais, como urbanismo, cultura e direitos civis. Os vencedores receberão bolsas de estudo e apoio técnico da Jornal A Tribuna, além de destaque nas mídias regionais.
Carlos Eduardo
outubro 22, 2025 AT 21:55Ao ler sobre a partida de Jourdan Amóra, lembro das primeiras vezes que vi seu nome nas manchetes de Niterói.
Ele foi a voz que atravessou décadas turbulentas, desde a censura militar até a era digital.
Cada edição do Jornal A Tribuna carregava o peso de um compromisso inquebrável com a verdade.
A sua coragem não se limitava a escrever; ele também ensinava jovens repórteres a enfrentar o silêncio imposto.
Os estudantes que passaram por sua redação ainda citam o rigor das fontes que ele exigia.
Quando o governador assinou o decreto de luto, foi um gesto simbólico que ecoou o respeito que a sociedade tem por quem defende a democracia.
Não é exagero dizer que a imprensa de Niterói tem a sua alma impregnada do ideal de Amóra.
Em tempos de fake news, seu exemplo ganha ainda mais relevância.
A digitalização dos arquivos históricos, prevista para 2026, será uma ponte que liga o passado ao futuro.
O prêmio que se pretende criar em seu nome pode inspirar novas gerações a investigar com coragem.
Cada coluna que ele escreveu ainda serve de referência para jornalistas que buscam integridade.
Seu legado, porém, vai além das palavras impressas; trata‑se de uma postura de resistência silenciosa.
A comunidade sentiu o luto oficial como uma homenagem coletiva a um mestre da informação.
As bandeiras baixadas a meio‑mastro simbolizam o reconhecimento institucional da sua importância.
Que possamos carregar adiante a chama que ele acendeu, mantendo viva a primeira cidadã da democracia.
Que a memória de Jourdan Amóra nunca se perca entre as páginas esquecidas do tempo.
EVLYN OLIVIA
outubro 24, 2025 AT 01:53É fascinante como o Estado decide entrar em duelo com a memória, como se a história fosse um tabuleiro onde movem peças invisíveis; há certamente interesses ocultos por trás desse luto oficial, mas tudo bem, vamos aplaudir o espetáculo da homenagem enquanto observamos quem realmente se beneficia.
joao pedro cardoso
outubro 25, 2025 AT 07:03Jourdan Amóra começou sua trajetória nos anos 50, fundando o Praia das Flechas e depois assumindo o A Tribuna em 1965; sob sua direção o jornal duplicou a tiragem e se tornou referência de independência; ele enfrentou censura militar, prisões políticas e conduziu a transição para o digital, sempre priorizando fontes confiáveis.
Murilo Deza
outubro 26, 2025 AT 12:13Mais um presidente da imprensa... Enfim, tudo de bom, mas será que realmente precisamos de mais um decreto?!!?? A cerimônia é linda, porém, nada muda o fato de que o jornalismo já está saturado de formalidades!!!
Ricardo Sá de Abreu
outubro 26, 2025 AT 20:33Que relato incrível, realmente reflete o coração pulsante da cidade, a energia vibrante que ele imprimia em cada página, e ainda hoje sentimos o eco das suas palavras nas ruas.
gerlane vieira
outubro 28, 2025 AT 00:20Não há como negar sua importância para o jornalismo local.
Andre Pinto
outubro 28, 2025 AT 03:06Mas quem realmente decide o que será lembrado?
Marcos Stedile
outubro 29, 2025 AT 04:06Olha só, outro decreto oficial!!! Isso tudo parece encenação, como se quiséssemos esconder algo... talvez o próprio governo tema a verdade que Amóra expôs.
Luciana Barros
outubro 30, 2025 AT 07:53O luto oficial sublinha o reconhecimento institucional ao legado do jornalista.