Lula e Haddad liberam R$12 bi para dívidas rurais no RS

Lula e Haddad liberam R$12 bi para dívidas rurais no RS out, 14 2025

Quando Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República assinou a Medida Provisória nº 1.314/2025, o Governo Federal liberou R$12 bilhões para renegociar dívidas de produtores rurais no Rio Grande do Sul, o clima se tornou protagonista da pauta econômica. O decreto, publicado em 11 de fevereiro de 2025, veio antes mesmo da série de resoluções do Conselho Monetário Nacional que, em maio, ampliaram o prazo de pagamento das dívidas bancárias em até três anos.

Contexto das secas e enchentes no Rio Grande do Sul

Nos últimos dois anos, o estado enfrentou uma sequência de eventos climáticos extremos: enchentes devastadoras em 2024 e, logo depois, uma estiagem que atingiu municípios como São Gabriel, São Pedro do Sul e Vacaria. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a precipitação média caiu 27% entre janeiro e junho de 2025, provocando perdas em mais de 60% das áreas cultiváveis.

Para os agricultores familiares, a situação foi ainda mais crítica. Muitos perderam duas safras consecutivas entre 2020 e 2025, o que, de acordo com o Pronaf, enquadra a família no chamado "cenário de vulnerabilidade extrema".

Os principais instrumentos: decreto, MP e resoluções do CMN

O marco central desse suporte foi o Decreto nº 12.381Brasília, que instituiu o Programa de Regularização de Dívidas e Facilitação de crédito rural. Pouco depois, em 5 de maio de 2025, o Fernando Haddad, Ministro da Fazenda assinou a referida MP, autorizando a aplicação dos recursos do superávit financeiro do Tesouro.

Em 22 de maio, o Conselho Monetário Nacional publicou a Resolução nº 5.247, criando uma linha de crédito específica para amortizar dívidas de produtores atingidos por eventos climáticos. Já em 29 de maio, a Resolução nº 5220 permitiu que bancos prorrogassem as dívidas por até três anos, atendendo, principalmente, os produtores gaúchos que ainda não haviam conseguido renegociar as perdas de 2024.

Como funciona a linha de crédito e as taxas

Os recursos são distribuídos conforme o programa ao qual o produtor está vinculado:

  • Pronaf: taxa de juros de 2% ao ano, com prazo de pagamento de até três anos para operações de custeio.
  • Pronamp: taxa de 4% ao ano, mesmas condições de prazo.
  • Demais produtores: condições negociadas diretamente com as instituições financeiras, respeitando o teto de 8% do saldo das parcelas de custeio.

O Carlos Fávaro, Ministro da Agricultura explicou que a medida "é um alívio às famílias do campo que sofreram com perdas por causa do clima". Ele acrescentou que a renegociação inclui parcelas de investimento com vencimento em 2025, que podem ser estendidas por até um ano adicional.

Reação dos produtores e dos governos estadual e federal

Reação dos produtores e dos governos estadual e federal

Os sindicatos rurais, representados pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), acolheram a iniciativa, mas alertam que a burocracia ainda pode impedir o acesso rápido aos recursos. Em reunião com o governador, o Eduardo Leite, Governador do Rio Grande do Sul anunciou um aporte adicional de R$150 milhões do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) para ampliar a prorrogação de dívidas junto ao Banrisul.

Segundo a secretaria de Fazenda estadual, o aporte deve viabilizar a prorrogação de até R$3,04 bilhões em crédito rural, mantendo os juros contratuais e permitindo pagamentos escalonados a partir de 2026. O modelo, desenvolvido em parceria com o Banrisul, elimina a necessidade de laudos individuais, usando índices climáticos padronizados como comprovação de perdas.

Impactos esperados e próximos passos

Especialistas do Centro de Estudos da Economia Agrária (CEEA) projetam que cerca de 45 mil produtores poderão se beneficiar diretamente das linhas de crédito até o final de 2026. A expectativa é que o fluxo de capital impulsione a recuperação das áreas cultivo‑degradadas e reduza a taxa de inadimplência rural, que havia ultrapassado 12% nas últimas duas safras.

O próximo desafio será monitorar a correta aplicação dos recursos e garantir que as condições especiais não sejam estendidas a quem não comprovar perdas reais. O Ministério da Fazenda planeja auditorias trimestrais e a criação de um painel de transparência online, onde os beneficiários poderão acompanhar o status de suas solicitações.

Como solicitar o benefício

Como solicitar o benefício

Para acessar as linhas de crédito, os produtores devem apresentar, nas instituições financeiras credenciadas, documentos que comprovem a perda de produção (relatórios de extensão rural, boletins climáticos) e a incapacidade de pagamento dentro dos prazos originais. O processo costuma durar entre 30 e 45 dias, podendo ser agilizado mediante o uso da plataforma digital desenvolvida pelo Banco Central.

Perguntas Frequentes

Quem pode solicitar a linha de crédito rural?

Podem solicitar os produtores rurais do Rio Grande do Sul que tenham registrado perdas em duas ou mais safras entre 1º de julho de 2020 e 30 de junho de 2025, sejam eles membros do Pronaf, Pronamp ou produtores independentes. É preciso comprovar a redução da produção via documentos oficiais ou índices climáticos reconhecidos.

Qual o valor total disponível e como ele será usado?

O governo federal destinou R$12 bilhões, enquanto o estado aportou R$150 milhões através do Funrigs. O recurso federal cobre a amortização ou liquidação de dívidas de custeio e investimento; o aporte estadual complementa a prorrogação de operações com o Banrisul, estimada em R$3,04 bilhões.

Quais são as taxas de juros para cada programa?

Para os produtores do Pronaf a taxa será de 2% ao ano. Já o Pronamp tem taxa de 4% ao ano. As demais categorias terão condições negociadas com os bancos, observando o limite de 8% do saldo das parcelas de custeio.

Como o governo vai garantir que os recursos cheguem aos mais afetados?

Serão realizadas auditorias trimestrais pelo Ministério da Fazenda e o Banco Central lançará um painel de transparência online. Além disso, a Farsul ajudará na verificação dos laudos de perdas, usando índices climáticos padronizados.

Qual o próximo passo para quem ainda não tem a dívida renegociada?

Os produtores devem procurar a instituição financeira de seu contrato, apresentar a documentação de perda e solicitar a prorrogação ou amortização conforme as regras do programa. O prazo para envio das solicitações se encerra em 31 de dezembro de 2025.

17 Comentários

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    Paulo Víctor

    outubro 14, 2025 AT 00:03

    Eae galera, essa grana de 12 bi vai salvar a galera do campo, bora aproveitar!

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    Flávia Teixeira

    outubro 16, 2025 AT 07:37

    💪🏽 Ótima notícia! Esse apoio vai dar um gás nos produtores. Vamos juntos fazer a terra florescer! 🌱

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    Ana Beatriz Fonseca

    outubro 18, 2025 AT 15:10

    O governo anuncia ajuda, mas a realidade do campo persiste em sombras profundas.
    Os números mostram que 45 mil produtores podem se beneficiar, porém a burocracia ainda é um muro intransponível.
    A medida de R$12 bilhões parece generosa, mas não revela quem realmente vai receber o alívio.
    Enquanto a imprensa celebra, as famílias ainda lutam contra a seca que consome a esperança.
    É preciso questionar a eficiência de um programa que depende de laudos climáticos padronizados.
    Os índices são úteis, mas não substituem a visita do extensionista que conhece a terra.
    A taxa de juros de 2% ao ano para o Pronaf soa atraente, porém poucos têm acesso a esse crédito.
    Mais ainda, o Pronamp com 4% ao ano pode ser inviável para quem já está endividado.
    A extensão do prazo para três anos pode aliviar o fluxo de caixa, mas não resolve o problema estrutural.
    A proposta de auditorias trimestrais é louvável, mas a efetividade depende da vontade política.
    A participação do Banrisul demonstra cooperação, mas a concentração de crédito em grandes bancos pode excluir pequenos produtores.
    A transparência online é uma boa intenção, mas requer acesso digital que muitos agricultores não possuem.
    A história nos mostra que políticas pontuais falham sem investimento em tecnologia e infraestrutura.
    Portanto, o alívio imediato é bem‑vindo, porém insuficiente para mudar o paradigma da vulnerabilidade.
    Em suma, a medida deve ser acompanhada de reformas estruturais para evitar que a crise se repita.

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    Thais Santos

    outubro 20, 2025 AT 22:43

    Gente, acho que essa iniciativa vai ser importante pro futuro da agricultura aqui no RS, principalmente pra quem sofreu com as duas secas seguidas. Vamos torcer pra que chegue rápido!

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    Jémima PRUDENT-ARNAUD

    outubro 23, 2025 AT 06:17

    Finalmente o governo fez algo, mas ainda é conversa vazia.

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    Elisson Almeida

    outubro 25, 2025 AT 13:50

    Concordo que a burocracia pode ser um obstáculo, mas vale destacar que as Resoluções nº 5.247 e 5.220 do CMN trazem mecanismos de extensão de prazo e de linhas de crédito específicas para perdas climáticas, o que pode mitigar parte do entrave administrativo. Além disso, a padronização dos indicadores climáticos facilita a validação dos pedidos, reduzindo a necessidade de laudos individuais. No entanto, a efetividade desses instrumentos depende da capacidade operativa das instituições financeiras em analisar rapidamente os documentos digitalizados. É crucial que o Banco Central assegure a integração dos sistemas de avaliação para evitar gargalos processuais.

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    elias mello

    outubro 27, 2025 AT 21:23

    💡 Boa observação! A integração dos sistemas do Banco Central pode realmente acelerar a aprovação. Também acho que a capacitação dos agentes do Banrisul nas novas ferramentas digitais vai ser decisiva para que o processo seja concluído dentro dos 30‑45 dias previstos. Vamos ficar de olho nas auditorias trimestrais para garantir transparência.

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    Willian José Dias

    outubro 30, 2025 AT 04:57

    É, meus amigos, o governo realmente decidiu injetar recursos, e isso, sem dúvida, traz um alívio, mas não podemos fechar os olhos, pois a complexidade da parte burocrática, ainda muito pesada, pode frustrar os pequenos produtores, que muitas vezes nem têm acesso fácil à internet, e assim, o benefício pode não chegar quem mais precisa!

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    Camila Gomes

    novembro 1, 2025 AT 12:30

    Para quem quer solicitar o crédito, o primeiro passo é reunir a documentação de perdas – relatórios de extensão, boletins climáticos – e levar ao banco parceiro. Depois, o cadastro digital no portal do Banco Central costuma demorar de 30 a 45 dias; se houver pendência, a equipe de apoio do Banrisul pode ajudar a agilizar. Vale lembrar que o prazo final para envio é 31/12/2025.

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    Leandro Augusto

    novembro 3, 2025 AT 20:03

    É inadmissível que, em pleno século XXI, ainda tenhamos que lidar com secas devastadoras e enchentes descontroladas, enquanto políticas superficiais são lançadas como se fossem soluções milagrosas; a população rural merece mais que promessas vazias, merece ação concreta e efetiva, caso contrário, o desespero continuará a crescer.

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    Gabriela Lima

    novembro 6, 2025 AT 03:37

    De fato, a indignação é legítima, pois a história recente demonstra que medidas paliativas não bastam para resolver a vulnerabilidade crônica do campo; entretanto, a proposta de R$12 bilhões, embora limitada, representa um passo inicial que pode ser aprimorado com monitoramento rigoroso, auditorias transparentes e participação ativa das entidades representativas, como a Farsul; ao garantir que os recursos sejam alocados conforme índices climáticos, evitamos a dispersão de fundos; a extensão dos prazos de pagamento, prevista em até três anos, oferece fôlego financeiro aos agricultores, mas deve ser acompanhada de suporte técnico para melhorar a produtividade; adicionalmente, a integração entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central, ao criar um painel de transparência, fortalece a confiança dos beneficiários; assim, se houver comprometimento político e institucional, o programa pode evoluir de mera assistência a verdadeiro mecanismo de resiliência; caso contrário, corre-se o risco de repetir os mesmos erros do passado.

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    Ramon da Silva

    novembro 8, 2025 AT 11:10

    Recomendo que os produtores consultem a cooperativa local para entender as condições específicas de cada linha de crédito; muitas vezes, a cooperativa pode negociar taxas mais vantajosas e oferecer orientação sobre a documentação necessária.

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    Isa Santos

    novembro 10, 2025 AT 18:43

    É curioso observar como a política financeira tenta simplificar processos porém a complexidade persiste.

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    Everton B. Santiago

    novembro 13, 2025 AT 02:17

    Entendo a frustração dos agricultores; porém, vale considerar que a disponibilidade de recursos é um avanço e que, com apoio adequado, é possível reverter a situação de inadimplência.

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    Consuela Pardini

    novembro 15, 2025 AT 09:50

    Ah, que ótimo, mais uma medida que será anunciada em coletiva e depois será perdida nos corredores da burocracia.

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    Paulo Ricardo

    novembro 17, 2025 AT 17:23

    Essa iniciativa parece mais um temporário alívio.

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    Elida Chagas

    novembro 20, 2025 AT 00:57

    Caríssimo, não podemos nos deixar iludir por tais “temporários alívios” que o Estado oferece ao campesinato; o verdadeiro desenvolvimento nacional exige políticas de longo prazo, estruturais e, sobretudo, um compromisso irrevogável com a soberania alimentar do país; portanto, enquanto alguns se contentam com soluções provisórias, os patriotas de bem entendem que a autonomia do campo depende de investimentos contínuos e de um aparato estatal sólido, e não de medidas efêmeras que desaparecem ao primeiro sopro de crise.

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