Lula e Haddad liberam R$12 bi para dívidas rurais no RS

Quando Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República assinou a Medida Provisória nº 1.314/2025, o Governo Federal liberou R$12 bilhões para renegociar dívidas de produtores rurais no Rio Grande do Sul, o clima se tornou protagonista da pauta econômica. O decreto, publicado em 11 de fevereiro de 2025, veio antes mesmo da série de resoluções do Conselho Monetário Nacional que, em maio, ampliaram o prazo de pagamento das dívidas bancárias em até três anos.
Contexto das secas e enchentes no Rio Grande do Sul
Nos últimos dois anos, o estado enfrentou uma sequência de eventos climáticos extremos: enchentes devastadoras em 2024 e, logo depois, uma estiagem que atingiu municípios como São Gabriel, São Pedro do Sul e Vacaria. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a precipitação média caiu 27% entre janeiro e junho de 2025, provocando perdas em mais de 60% das áreas cultiváveis.
Para os agricultores familiares, a situação foi ainda mais crítica. Muitos perderam duas safras consecutivas entre 2020 e 2025, o que, de acordo com o Pronaf, enquadra a família no chamado "cenário de vulnerabilidade extrema".
Os principais instrumentos: decreto, MP e resoluções do CMN
O marco central desse suporte foi o Decreto nº 12.381Brasília, que instituiu o Programa de Regularização de Dívidas e Facilitação de crédito rural. Pouco depois, em 5 de maio de 2025, o Fernando Haddad, Ministro da Fazenda assinou a referida MP, autorizando a aplicação dos recursos do superávit financeiro do Tesouro.
Em 22 de maio, o Conselho Monetário Nacional publicou a Resolução nº 5.247, criando uma linha de crédito específica para amortizar dívidas de produtores atingidos por eventos climáticos. Já em 29 de maio, a Resolução nº 5220 permitiu que bancos prorrogassem as dívidas por até três anos, atendendo, principalmente, os produtores gaúchos que ainda não haviam conseguido renegociar as perdas de 2024.
Como funciona a linha de crédito e as taxas
Os recursos são distribuídos conforme o programa ao qual o produtor está vinculado:
- Pronaf: taxa de juros de 2% ao ano, com prazo de pagamento de até três anos para operações de custeio.
- Pronamp: taxa de 4% ao ano, mesmas condições de prazo.
- Demais produtores: condições negociadas diretamente com as instituições financeiras, respeitando o teto de 8% do saldo das parcelas de custeio.
O Carlos Fávaro, Ministro da Agricultura explicou que a medida "é um alívio às famílias do campo que sofreram com perdas por causa do clima". Ele acrescentou que a renegociação inclui parcelas de investimento com vencimento em 2025, que podem ser estendidas por até um ano adicional.

Reação dos produtores e dos governos estadual e federal
Os sindicatos rurais, representados pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), acolheram a iniciativa, mas alertam que a burocracia ainda pode impedir o acesso rápido aos recursos. Em reunião com o governador, o Eduardo Leite, Governador do Rio Grande do Sul anunciou um aporte adicional de R$150 milhões do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) para ampliar a prorrogação de dívidas junto ao Banrisul.
Segundo a secretaria de Fazenda estadual, o aporte deve viabilizar a prorrogação de até R$3,04 bilhões em crédito rural, mantendo os juros contratuais e permitindo pagamentos escalonados a partir de 2026. O modelo, desenvolvido em parceria com o Banrisul, elimina a necessidade de laudos individuais, usando índices climáticos padronizados como comprovação de perdas.
Impactos esperados e próximos passos
Especialistas do Centro de Estudos da Economia Agrária (CEEA) projetam que cerca de 45 mil produtores poderão se beneficiar diretamente das linhas de crédito até o final de 2026. A expectativa é que o fluxo de capital impulsione a recuperação das áreas cultivo‑degradadas e reduza a taxa de inadimplência rural, que havia ultrapassado 12% nas últimas duas safras.
O próximo desafio será monitorar a correta aplicação dos recursos e garantir que as condições especiais não sejam estendidas a quem não comprovar perdas reais. O Ministério da Fazenda planeja auditorias trimestrais e a criação de um painel de transparência online, onde os beneficiários poderão acompanhar o status de suas solicitações.

Como solicitar o benefício
Para acessar as linhas de crédito, os produtores devem apresentar, nas instituições financeiras credenciadas, documentos que comprovem a perda de produção (relatórios de extensão rural, boletins climáticos) e a incapacidade de pagamento dentro dos prazos originais. O processo costuma durar entre 30 e 45 dias, podendo ser agilizado mediante o uso da plataforma digital desenvolvida pelo Banco Central.
Perguntas Frequentes
Quem pode solicitar a linha de crédito rural?
Podem solicitar os produtores rurais do Rio Grande do Sul que tenham registrado perdas em duas ou mais safras entre 1º de julho de 2020 e 30 de junho de 2025, sejam eles membros do Pronaf, Pronamp ou produtores independentes. É preciso comprovar a redução da produção via documentos oficiais ou índices climáticos reconhecidos.
Qual o valor total disponível e como ele será usado?
O governo federal destinou R$12 bilhões, enquanto o estado aportou R$150 milhões através do Funrigs. O recurso federal cobre a amortização ou liquidação de dívidas de custeio e investimento; o aporte estadual complementa a prorrogação de operações com o Banrisul, estimada em R$3,04 bilhões.
Quais são as taxas de juros para cada programa?
Para os produtores do Pronaf a taxa será de 2% ao ano. Já o Pronamp tem taxa de 4% ao ano. As demais categorias terão condições negociadas com os bancos, observando o limite de 8% do saldo das parcelas de custeio.
Como o governo vai garantir que os recursos cheguem aos mais afetados?
Serão realizadas auditorias trimestrais pelo Ministério da Fazenda e o Banco Central lançará um painel de transparência online. Além disso, a Farsul ajudará na verificação dos laudos de perdas, usando índices climáticos padronizados.
Qual o próximo passo para quem ainda não tem a dívida renegociada?
Os produtores devem procurar a instituição financeira de seu contrato, apresentar a documentação de perda e solicitar a prorrogação ou amortização conforme as regras do programa. O prazo para envio das solicitações se encerra em 31 de dezembro de 2025.
Paulo Víctor
outubro 14, 2025 AT 00:03Eae galera, essa grana de 12 bi vai salvar a galera do campo, bora aproveitar!