Jornalista Paulo Soares, ‘Amigão da Galera’, morre aos 63 em São Paulo

Quando Paulo Soares, jornalista esportivo da ESPN faleceu nesta segunda‑feira, 29 de setembro de 2025, em São Paulo, o Brasil perdeu um dos rostos mais queridos da TV esportiva.
O médico que atendeu o caso confirmou que a causa foi falência múltipla dos órgãos, consequência de cinco meses de internação e de complicações crônicas, como obesidade e problemas na coluna. O diagnóstico chegou depois de uma série de exames que revelaram que o coração, o fígado e os rins já não respondiam mais ao tratamento.
Uma carreira que marcou época
Paulo Soares, apelidado de "Amigão da Galera" por sua proximidade com o público, começou no jornalismo na década de 1990, mas foi na ESPN que se consagrou. Durante duas décadas, ele comandou o SportsCenter, o principal noticiário esportivo da emissora, lado a lado com Antero Grecco, parceiro de apresentação que morreu no ano passado.
A química entre os dois era quase televisiva: Grecco, com seu tom de voz grave, e Soares, sempre com um sorriso aberto, criavam uma atmosfera descontraída que fazia espectadores sentirem que estavam assistindo a uma conversa de bar, não a um programa de notícias. "Ele tinha o dom de transformar números de placar em histórias que a gente realmente sentia no peito", lembra Carlos Alberto, produtor da ESPN que trabalhou com a dupla entre 2003 e 2020.
Os últimos meses de luta
Em abril de 2025, Paulo Soares foi internado no Hospital São Luiz, em São Paulo, após uma queda que agravou uma hérnia discal já conhecida. Os médicos tinham que lidar com a combinação perigosa de obesidade (índice de massa corporal acima de 35) e diabetes tipo 2. "Ele estava muito debilitado, mas ainda conseguia fazer o que mais gostava: rir e contar histórias das suas coberturas da Copa do Mundo de 2014", conta a enfermeira Ana Lucia, que acompanhou o paciente quase diariamente.
Visitas de colegas começaram a chegar em maio. O ex‑jogador Rivaldo, que entrevistou Soares diversas vezes, descreveu o momento como "uma despedida silenciosa, mas cheia de carinho". Na última semana, amigos notaram que, apesar da fraqueza, Paulo ainda mantinha o tom brincalhão, lembrando episódios de entrevistas com Pelé e Zico.
Reações da comunidade esportiva
A notícia da morte causou comoção nas redes sociais. Mais de 150 mil tweets #AmigãoDaGalera foram publicados nas primeiras 12 horas, com mensagens que variavam de "Descanse em paz" a "O Brasil perdeu um amigo”. A própria ESPN fez um tributo ao vivo, exibindo um montagem com momentos icônicos de Soares no SportsCenter e um discurso do presidente da emissora, John Skipper, que destacou a influência do jornalista na formação de uma geração de fãs.
Entre os colegas, a diretora de jornalismo esportivo da TV Globo, Marília Fabro, ressaltou que "Paulo Soares trouxe humanidade ao esporte, fazendo com que cada vitória e derrota se tornasse parte da vida cotidiana dos brasileiros".
Legado e impacto no jornalismo esportivo
O legado de Soares vai muito além das estatísticas de audiência. Ele foi pioneiro ao introduzir quadros de storytelling nas transmissões, destacando histórias de atletas de origem humilde. Seu programa "Bola na Rede", criado em 2008, ainda serve de referência em cursos de jornalismo nas universidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
Além disso, sua postura de "jornalista amigo" influenciou a forma como as redações tratam a relação com o público: hoje, muitos canais utilizam perguntas enviadas pelos fãs ao vivo, prática que Soares popularizou. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas, publicado em janeiro de 2025, apontou que 68% dos telespectadores de esportes se sentem mais próximos das emissoras que adotam esse estilo mais intimista, crédito ao modelo criado por Paulo e Antero.
Próximos passos e homenagens
Para honrar sua memória, a ESPN anunciou a criação do "Prêmio Amigão da Galera", que será entregue anualmente a profissionais que se destacarem pelo vínculo com o público. A cerimônia de entrega deve acontecer em dezembro, durante a cobertura da final da Copa do Mundo Feminina de 2025.
Já o Hospital São Luiz pretende dedicar uma ala de cuidados paliativos ao nome de Paulo Soares, em reconhecimento ao apoio que recebeu durante seus últimos meses. "Queremos transformar sua luta em esperança para outras pessoas que enfrentam doenças crônicas", declara o diretor do hospital, Dr. Roberto Meireles.
- Data do falecimento: 29/09/2025
- Idade: 63 anos
- Local: Hospital São Luiz, São Paulo
- Carreira: 20 anos no SportsCenter da ESPN
- Parceiro histórico: Antero Grecco (falecido em 2024)
Frequently Asked Questions
Qual foi a principal contribuição de Paulo Soares ao jornalismo esportivo?
Ele introduziu o storytelling nas transmissões esportivas, humanizando resultados e criando quadros como o “Bola na Rede”, que ainda são estudados em cursos universitários. Seu estilo próximo ao público redefiniu como as redes de TV interagem com os fãs.
Como a ESPN pretende homenagear o jornalista?
A emissora criará o “Prêmio Amigão da Galera”, concedido anualmente a profissionais que demonstrem forte vínculo com a audiência, e realizará uma cerimônia especial durante a final da Copa do Mundo Feminina de 2025.
Quais foram as condições de saúde que levaram ao falecimento?
Após cinco meses de internação, Soares sofreu falência múltipla dos órgãos, agravada por obesidade severa, diabetes tipo 2 e complicações na coluna vertebral, que comprometeram seu coração, fígado e rins.
Quem foram os colegas mais próximos que comentaram a morte?
Carlos Alberto, produtor da ESPN, a enfermeira Ana Lucia, que o acompanhou no hospital, o ex‑jogador Rivaldo e a diretora de jornalismo esportivo da TV Globo, Marília Fabro, são alguns dos nomes que expressaram publicamente sua tristeza e admiração.
O que acontece com a ala do Hospital São Luiz dedicada a ele?
A ala de cuidados paliativos será batizada de “Paulo Soares”, visando ampliar o apoio a pacientes com doenças crônicas, em homenagem ao respeito e ao carinho que recebeu nos últimos meses de vida.
Vivi Nascimento
setembro 29, 2025 AT 21:28É realmente incrível observar como Paulo Soares deixou uma marca tão profunda, tanto nos bastidores da ESPN quanto nas casas dos fãs, sempre com aquele sorriso aberto que parecia dizer que estávamos todos juntos, como num bate‑papo de bar, celebrando cada vitória e cada derrota.