Famílias protestam após relatório inicial sobre tragédia aérea na Coreia do Sul apontar erro do piloto

Famílias protestam após relatório inicial sobre tragédia aérea na Coreia do Sul apontar erro do piloto jul, 22 2025

Relatório inicial revolta famílias e expõe falhas na investigação

Imagine perder alguém em um desastre aéreo e, meses depois, ouvir dos investigadores que tudo se resume a um erro humano – como se nada mais precisasse ser explicado. As famílias das vítimas do acidente aéreo Coreia do Sul, envolvendo o voo Jeju Air 2216, não aceitaram esse desfecho fácil. Elas se revoltaram quando a Agência de Investigação de Acidentes de Aviação e Ferrovia (ARAIB) apresentou, em 19 de julho, a conclusão preliminar de que a tragédia aconteceu por causa de um erro do piloto, que desligou o motor errado após uma colisão com pássaros.

O acidente, ocorrido em 29 de dezembro de 2024, foi o mais fatal já registrado na Coreia do Sul, com 179 mortos. O voo, que vinha de Bangcoc para o aeroporto de Muan, encontrou uma revoada de patos-do-baikal pouco antes do pouso, o que danificou gravemente o motor direito. Segundo os investigadores, o piloto se confundiu e desligou o motor esquerdo – o que ainda estava funcionando – em vez do motor danificado, causando perda total de energia e falha no trem de pouso. As caixas-pretas mostraram que o piloto avisou que desligaria o “motor número dois” (direito), mas os dados de voo confirmaram que foi o motor esquerdo que acabou desligado.

Até aí, parece que tudo se resume a uma mistura de pressão e confusão no cockpit. Só que as famílias não aceitaram essa explicação. Segundo elas, o relatório ignorou outros aspectos que podem ter sido decisivos: a estrutura de concreto que separava a pista de aterrissagem e possíveis falhas mecânicas no avião. Alguns questionam até mesmo se a comunicação entre a torre de controle e a cabine foi adequada naquele momento crítico. Após protestos das famílias, uma coletiva de imprensa prevista para apresentar conclusões à mídia foi cancelada em cima da hora.

Pressão por respostas abrangentes e segurança nos voos

Pressão por respostas abrangentes e segurança nos voos

A repercussão do desastre não para nas críticas à investigação. A tragédia expôs feridas antigas sobre a segurança da aviação no país. Especialistas independentes e familiares querem explicações sobre por que o sistema de identificação de motores não era mais intuitivo, e se as rotinas de treinamento da tripulação estavam atualizadas para situações de pânico como essa.

Além disso, surgiram questionamentos importantes sobre a infraestrutura do aeroporto de Muan. A barreira de concreto na pista – um item de segurança que deveria evitar acidentes maiores – pode ter contribuído para o alto número de mortos. A análise detalhada do impacto dessa barreira ainda não foi divulgada. Organizações internacionais, como o National Transportation Safety Board (NTSB) dos Estados Unidos, participam ativamente na análise das caixas-pretas, o que mostra que a pressão para ir além do erro humano é real e pode trazer revelações inesperadas.

A Coreia do Sul vive um luto nacional, enquanto as famílias seguem cobrando justiça e mudanças que evitem que o horror se repita – seja com pilotos melhor treinados, pistas mais seguras ou aviões com sistemas menos sujeitos a erros em momentos críticos.